domingo, 17 de julho de 2011

Anamorfoses cronotópicas

Um pouco de informação pra cabeça não ficar oca! (trabalho feito pra disciplina de "Imagem Digital II", 2º semestre, Cinema de Animação =x hAIUHuaihAUHiu Não vou postar a pergunta pq é gigante, mas o texto fala sobre anamorfoses cronotópicas. O que é isto? Você descobrirá lendo o texto)

e tá, tá... vou parar de postar hoje :O



Em 1882, o fisiologista francês Étienne-Jules Marey, “inventou uma ‘arma cronofotográfica’, cujo disparador, quando acionado, registrava até doze instantes sucessivos de movimento por segundo, que eram então copiados na mesma chapa de vidro” (CHARNEY, 2001 p. 401). Esse aparelho permitia, então, registrar a trajetória do corpo no espaço-tempo através de imagens sobrepostas num único suporte. “Superpostas as imagens, elas se dissolvem umas nas outras, apagando os próprios contornos e desmaterializando as figuras numa trajetória estilizada” (MACHADO, 1999 p. 107). São chamadas anamorfoses cronotópicas essas alterações na forma da imagem resultantes do percurso do corpo no tempo.

Da mesma forma que a cronofotografia, o cinema também registra instantes de movimentos, só que em suportes separados, sem fazer inscrição do tempo no espaço. “O cinema consiste basicamente numa projeção de fotogramas fixos, diferentes um dos outros e separados entre si por intervalos vazios em que a tela fica negra” (MACHADO, 1999 p. 101). Assim, o tempo no cinema acontece nesses intervalos entre uma imagem e outra, o que causa a ilusão de movimento. Já “a imagem completa, o quadro videográfico, não existe mais no espaço, mas na duração de uma varredura completa da tela, portanto no tempo” (MACHADO, 1999 p. 114). Isso faz com que o movimento se torne contínuo e que sempre existam anamorfoses cronotópicas na imagem eletrônica (embora raramente visíveis à percepção humana), já que a varredura é composta por linhas que representam diferentes intervalos de tempo, inscrevendo, assim, o movimento no tempo, “diferentemente do efeito cinematográfico, que seciona a duração (e o movimento) em vários instantes separados e realiza, nesse sentido, uma espécie de elipse do tempo” (MACHADO, 1999 p. 106).

No vídeo clipe “The Zephyr Song” (2002), dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, da banda americana Red Hot Chili Peppers, é possível constatar exemplos de anamorfoses cronotópicas em alguns momentos. A aproximadamente 2min e 9s podemos observar diferentes posições do desenrolar dos movimentos de um dos integrantes da banda permacerem na tela por alguns segundos, fazendo com que se forme vestígios de sua trajetória. Esse efeito é semelhante ao presente no filme “Pas De Deux” (1967) do experimentalista escocês Norman McLaren. Já no clipe “2 become 1” (1996), dirigido pela Big TV!, do grupo britânico Spice Girls, durante quase todo o vídeo, a inscrição do tempo no espaço é percebida pela deformação que a velocidade causa na luz dos veículos presentes no cenário: o rastro da trajetória da luz faz com que as diferentes posições do movimento formem linhas.

CHARNEY, Leo. “Num instante: o cinema e a filosofia da modernidade”. In: CHARNEY, Leo, SCHWARTZ, Vanessa (orgs.). O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosacnaify Edições, 2001. p. 386-408.

MACHADO, Arlindo. "Anamorfoses cronotópicas ou a quarta dimensão da imagem". In: PARENTE, André (org.). Imagem-máquina: a era das tecnologias do virtual. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999. p. 100-116.

2 become 1. Spice Girls. Disponível em . Acesso em: 12 set. 2010

Pas de Deux. Norman McLaren. Disponível em . Acesso em: 12 set. 2010

The Zephyr Song. Red Hot Chili Peppers. Disponível em . Acesso em: 12 set. 2010

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